PANORAMA HISTÓRICO-CULTURAL DO CIRCUITO TURÍSTICO DO OURO

Ronald Fernandes*

Minas Gerais começa a explorar, dentro do cenário nacional turístico, seus variados circuitos históricos e naturais. Com uma iniciativa do próprio governo e demais prefeituras que buscam uma divulgação do turismo no estado, através da promoção de atrativos diversos. Tal fato alavanca Minas, demasiadamente, neste setor, que até então estava adormecido.

Praça Minas Gerais, em Mariana. À esquerda, a Igreja de São Francisco de Assis; à direita, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo

Um circuito que merece um destaque totalmente cultural é o do Ouro, dono de um fabuloso acervo histórico e artístico, este circuito possui dois patrimônios da humanidade: Ouro Preto e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas. Mas, ao todo, são dezenove os municípios que o constituem: Barão de Cocais, Bom Jesus do Amparo, Caeté, Catas Altas, Congonhas, Itabira, Itabirito, Mariana, Nova Era, Nova Lima, Ouro Branco, Ouro Preto, Piranga, Raposos, Rio Acima, Sabará, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.

A história da região começa com o descobrimento do ouro no final do século XVII, o que deu origem a muitos povoados. Alguns se desenvolveram e foram elevados a vilas, que hoje são as nossas conhecidas cidades históricas. O circuito conta ainda com uma memória histórica gigantesca, pois foi cenário de grandes movimentos no período da mineração, como: a guerra dos emboabas, a sedição de Vila Rica e a inconfidência mineira.

Pintura representando a Guerra dos Emboabas

Também foi palco de inúmeros trabalhos artísticos realizados por Antônio Francisco Lisboa - o Aleijadinho, Manuel da Costa Athaíde, Francisco Viera Servas, Francisco Xavier de Brito, Francisco Lima Cerqueira e José Gervásio de Souza; sem contar com suas construções antigas, bem conservadas que permite uma viagem pelo tempo, como os imponentes sobrados, casas de câmaras e cadeias, chafarizes, singelas capelas e magníficas igrejas. Outros espetaculares monumentos atestam a riqueza histórica e artística dos municípios que integram este circuito.

A igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, com obras-primas do Mestre Antônio Francisco Lisboa e do Mestre Athaíde simboliza toda a criatividade e qualidade da arte colonial mineira. Em Sabará, está outra jóia da decoração barroca mineira: a excepcional capela de Nossa Senhora do Ó. A Catedral da Sé, em Mariana, também possui uma das mais preciosas peças de Minas Gerais: um órgão Arp Schnitger, construído em 1701.

Órgão Arp Schnitger

A última grande obra do período da mineração do ouro encontra-se em Congonhas: o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, com os magníficos passos da paixão e o esplendor das esculturas dos profetas, executados por Aleijadinho.

Dentro do acervo histórico e artístico é possível também a realização de visitas em variados museus, que guardam objetos notáveis e retratam documentos de grande valor. Entre eles, destacam-se: Museu da Inconfidência, Museu do Oratório e Museu de Arte Sacra, em Ouro Preto; Museu do Ouro, em Sabará; Museu do Escravo, em Belo Vale; e Museu de Arte Sacra, em Mariana.

Museu do Escravo e seu interior – Belo Vale

Atualmente, temos em nosso plano turístico um grave dilema em torno do Santuário de Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas, que é alvo de uma futura construção de museu. Tal projeto tem enfrentado dificuldades em sua implantação, pois a população se manifesta contrária à forma como o museu será construído. Crises que são sempre presentes dentro do planejamento turístico, que não viabiliza um trabalho junto da comunidade.

Geograficamente, está situado em uma área que é denominada Quadrilátero Ferrífero, onde se encontram riquíssimas jazidas minerais, sendo hoje uma importante parcela da economia do Estado; contando com atividade extrativista, grandes usinas siderúrgicas, além de três importantes minas de ouro. Dentre as atuais riquezas minerais, está o topázio imperial.

Dobrão, maior moeda portuguesa corrente, cunhada em Minas Gerais entre 1724 e 1727

Assim, em decorrência da história da mineração do ouro, os diversos municípios deste circuito guardam verdadeiras relíquias culturais. São museus, igrejas, centros culturais, sítios arqueológicos, fazendas, santuários, casarões, memoriais, trechos da Estrada Real e ricas manifestações da cultura popular; além de abrigar um rico patrimônio natural: cachoeiras, matas e inspiradoras paisagens serranas complementam e emolduram a beleza dessa região.

São destaques: o Parque Estadual do Itacolomi e o Parque Natural do Caraça. Este último, além de ser uma preciosa reserva pertencente ao Santuário do Caraça, é também um dos maiores bens culturais do Estado.

Parque Estadual do Itacolomi

Um último fator que deve ser realçado dentro deste contexto é a criação dos circuitos mineiros e a forma como tem sido realizada, pois promoção de turismo exige planejamento prévio, que envolve desde pesquisas de infra-estrutura local até conscientização da população.

Resta saber se o que vem sendo proposto nesta criação de circuitos está sendo efetivado de maneira ética e sustentável, com a participação da comunidade em todos os aspectos; respeitando assim sua memória e tradição.

Notas:

* Ronald Fernandes é Bacharel em Turismo pelo Centro Universitário Newton Paiva (MG).

Contato: ronaldturismo@yahoo.com.br

Um abraço e até o próximo post!

PANORAMA HISTÓRICO-CULTURAL DO CIRCUITO TURÍSTICO DO OURO PANORAMA HISTÓRICO-CULTURAL DO CIRCUITO TURÍSTICO DO OURO Reviewed by Luiz Macedo on fevereiro 25, 2010 Rating: 5

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