Barroco e Seu Esplendor
O Barroco Mineiro destaca se pela autonomia e originalidade, gerada pela diversidade cultural e adaptação das matérias primas e ferramentas utilizadas pelos artistas na realização de suas obras. Divide se em três fases sendo:
Arte barroca mineira de Ataíde – Igreja de São Francisco de Assis
Primeira Fase entre 1710 a 1760 Retábulo Nacional Português - colunas toras, profusamente ornamentadas com folhas de acanto, cachos de uva, aves entre outros, coroamento formado por arcos concêntricos, revestimento em talha dourada e policromia em azul e vermelho.
Capela de Santana em Ouro Preto, 1720.
Segunda Fase entre 1730 a 1760 Retábulo Joanino – excesso de motivos ornamentais, com predominância de elementos escultóricos, coroamento com sanefas e falsos cortinados com anjos, revestimento com policromia em branco e dourado.
Matriz de Nossa Senhora do Pilar em Ouro Preto.
Terceira Fase a partir de 1760 Retábulo Rococó - coroamento encimado por grande composição escultórica, elementos ornamentais baseados no estilo rococó francês com conchas, laços, guirlandas e flores; revestimento com fundos brancos e dourados nas principais partes.
Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto.
Esse período catalogou para Minas Gerais obras de grande valor econômico e histórico, que não são protegidas como deveriam, pois nas três últimas décadas totalizam mais de 430 peças barrocas mineiras roubadas de igrejas e museus.
Os artistas que compõem esse “catálogo” são variados destacando Aleijadinho, Athayde, Mestre Piranga, entre outros.
O Gênio Desconhecido do Barroco
O Mestre de Piranga viveu no século XVIII, na cidade de Piranga/MG, não é um artista conhecido popularmente, principalmente em sua cidade, mas entre os historiadores se destaca como importante escultor barroco e pela fácil identificação de suas obras.
Cristo morto de Mestre de Piranga
Considerado zombeteiro, desafiador e enigmático suas obras são caracterizadas por um domínio de forma quase clássico e interpretações quase expressionistas:
- Olhos desnivelados, um mais baixo que o outro “vesgos”;
- Cabeça menor que um sétimo do tronco;
- Tipos físicos miscigenados do interior de Minas;
- Ombros largos;
- Formas circulares dos joelhos.
Na cidade em que viveu, Piranga, hoje, ele também é apenas uma referência distante. Quase ninguém sabe quem foi e não existe um acervo municipal e suas imagens desapareceram das igrejas locais.
Cidade de Piranga
Em 1966, sumiu o mais importante elo entre o escultor e sua cidade: a igreja matriz da cidade, cenário de sua obra mestra, foi dinamitada para dar lugar a uma nova matriz, um “monstruoso disco voador de concreto”.
A Igreja de Bom Jesus de Matozinhos tombada pelo Iphan em 1998, é palco anualmente de uma grande romaria. A romaria acontece há mais de 215 anos foi autorizada pelo Papa pio VI em 1786. A devoção a Bom Jesus de Matozinhos tem origem a uma espécie de lenda local. Conta-se que nos idos de 1780 começou a ocorrer um estranho fenômeno no lugarejo: a imagem do Cristo crucificado da igrejinha central do distrito desaparecia misteriosamente e reaparecia no matagal que havia no alto do morro, a 1 km dali.
Recuperavam a imagem e repunham-na no lugar, mas ela tornava a aparecer no mesmo lugar. Os habitantes e o padre tomaram aquilo como um sinale resolveram construir uma igreja no local onde a imagem aparecia. Curioso é que a imagem ainda está lá, num compartimento atrás do altar, de costas para outro Cristo crucificado e carrega consigo uma marca dos artistas “politizados” do barroco: além de crucificado, o Cristo tem a marca da forca no pescoço (referências segundo dizem, a Tiradentes e sua causa libertária).
Obra do Mestre de Piranga
Suas obras podem ser encontradas em coleções particulares de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Museus de Nova Iorque e Rio de Janeiro, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Piranga-MG, Igreja de Bom Jesus de Matosinhos (tombada pelo Iphan, 1998) em Santo Antônio do Pirapetinga e em diversos arraiais do ciclo do ouro.
Segundo historiadores e colecionadores a divulgação do artista Mestre de Piranga e suas obras é deficitária devido à falta estudos e referências acadêmicas. Essa falta não tira a importância de suas obras, mas as tornam silenciosas.
Referência Bibliográfica
MEDEIROS, Jotabê; PEREIRA, Juvenal. O gênio desconhecido do barroco. Revista Carta Capital, São Paulo, n.180. p.14-17. mar. 2002.
Um abraço e até o próximo post!
BARROCO MINEIRO – MESTRE DE PIRANGA
Reviewed by Luiz Macedo
on
fevereiro 26, 2010
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