TURISMO DE AVENTURA EM IPORÁ (GO)

Introdução

A atividade turística é uma realidade crescente no Brasil nos últimos anos como tem demonstrado a Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica e Turismo. O turismo tem sido visto como  nova oportunidade para a geração de emprego e renda e faz com que administradores públicos e empresários busquem nesta atividade um caminho eficaz para o desenvolvimento econômico.

 

Entre as práticas de turismo que cada vez mais são  procuradas no Brasil, mais precisamente no Centro Oeste, estão o turismo ecológico, o turismo de aventura e o turismo esportivo, todos eles associados ao contato com a natureza. Por isso, no município de Iporá-GO, localizado na Micro-Região “Oeste Goiano”, 600 metros acima do nível do mar e distante 216 km de Goiânia,  existe uma reserva ambiental  municipal onde se pratica o turismo esportivo, principalmente, o salto de  parapente, trilhas ecológicas e motocross. Entretanto, pela ausência de uma política pública municipal, esta área está à mercê de uma ação predatória por aqueles que a utilizam com interesse de diversão e lazer.

Mapa de Iporá (Goiás)

O Morro do Macaco, como é chamado na região, constitui numa elevação de cerca 800 m, e com um desnível de 300 m em relação ao seu entorno, é um morro testemunho e foi designado como Unidade de Conservação de Uso Sustentável e Área de Proteção Ambiental pela lei municipal número 1147/2004, tornando-se área de interesse para visitantes e para o turismo pelo potencial cênico e valor ecológico. 

Morro do Macaco

Reflexões sobre o turismo na região

Segundo Boo (2000) articular dentro dos territórios turísticos uma administração que garanta a sustentabilidade e a conservação para a prática turística, não depende só da vontade da localidade turística, mas a potencialidade que o  local tem pelo tipo de turismo.

Desenvolver o turismo sem esgotar os recursos naturais e culturais e sem deteriorar o meio ambiente é o desafio no Morro do Macaco. Alguns aspectos são relevantes para essa articulação: a falta de políticas ambientais, melhoria de infra-estrutura de acesso e uso sustentável da localidade e práticas de educação ambiental no município.

Vista do Morro do Macaco

Pesquisas já realizadas apontam que se algumas adequações fossem realizadas na região, a mesma seria muito mais visitada. E as adequações que levariam essa intensificação seriam a: instalação de infra-estrutura adequada para prática do esporte e outras atividades (banheiro, acesso e atividades culturais no local) e a presença do poder público municipal, através da criação de uma Secretaria de Turismo e Meio Ambiente.

Na visão dos moradores do entorno da unidade de conservação, a presença de turistas permitiriam investimentos comerciais, como lojas, bares ou lanchonetes nas proximidades da área de potencialidade turística, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população residente, criando novos postos de trabalho em diversas áreas.1

Turismo de Aventura no Morro do Macaco

Apesar de existir uma visão de que o desenvolvimento do turismo traria benefícios, tanto para a população local quanto para o turista, não existe uma sintonia entre os dois grupos. Portanto, viabilizar o turismo no Morro do Macaco seria permitir uma melhor relação entre as pessoas residentes e os turistas que almejam viver uma experiência de convívio com a natureza, trazendo benefício tanto para a conservação do meio ambiente como geração de novas oportunidades de emprego e renda para futuras gerações, como descreve Ronaldo Motta: “...  a preservação do parque pode  incorporar valores de opção para usos futuros, que representariam o quanto os indivíduos estariam agora dispostos a pagar como uma garantia de que os serviços  ambientais estariam agora disponíveis para eles e seus descendentes” (1995: 159).

A população local sabe da visitação turística e da possibilidade de oferecer serviços aos visitantes, mas não consegue atingir os turistas. Os turistas, por sua vez, necessitam de serviços e uma melhor estrutura para a visitação. Esse artigo apontou este dilema como ponto crucial de inviabilidade atual para o desenvolvimento sustentável na região.

Cidade de Iporá (GO)

Considerações Finais

Iporá tem capacidade para desenvolver uma proposta para prática do turismo, o que falta é um planejamento e uma gestão que oriente o setor de serviços e a comunidade a serem capacitados para que o turista tenha hospitalidade e produtos turísticos de qualidade.

Baseado no estudo de Agnes (2003), podemos delinear duas fases de ação para estratégias de melhoria da administração do turismo e planejamento turístico no Morro do Macaco. Na primeira fase seria necessário avaliar a situação  atual da localidade turística coletando informações e examinar as áreas com  recursos naturais, infra-estrutura, sistema de visitação e quadro de funcionários. O Morro do Macaco apresenta problemas em todos estes itens.

Vista do Morro do Macaco

Na segunda fase será preciso determinar o nível de turismo desejado e criar um plano, ou seja, delimitar o campo de consumidores  que queremos atingir e criar produtos personalizados para o turista. As orientações que a administração de uma área de práticas turísticas devem ser conforme os desejos da população para a vinda do turista e contemplar as vontades dos visitantes. O “mito da  sustentabilidade turística” para os  vizinhos de áreas de turismo e as gerações futuras devem organizar uma solidariedade que garanta formas de sustentarem o tripé economia-sociedade-turismo (INÁCIO, 2003).

Referências

AGNES, Diana.  A Importância do Planejamento para a Prática da Atividade Turística em Áreas de Proteção Ambiental. Revista Turismo. Edição de junho de 2003. Disponível: http://revistaturismo.cidadeinternet.com.br/artigosplanejamento.html Acesso em: 07 de fevereiro de 2010.

BABBIE, Earl. Métodos de pesquisas de Survey. Belo Horizonte, Ed. UFMG, 1999

BOO, E.  O planejamento ecoturístico para áreas protegidas.  In: LINDBERG, K.

HAWKINS, D. Ecoturismo: um guia para o planejamento e gestão. 3 ed. São Paulo: SENAC, 2001.

INÁCIO, Humberto  Luís de Deus.  Ecodesenvolvimento e turismo: Bases para uma outra relação com o Planeta.  Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC, Vol. 1 nº 1 (1), agosto-dezembro/2003, p. 169-188. Disponível: http://www.emtese.ufsc.br/i_Humberto.pdf. Acesso em: 07 de fevereiro de 2010.

LINS et all.  Turismo em Santa Catarina: caracterização e problemática.  IN VIEIRA, Paulo F. (org). A pequena produção e o modelo catarinense de desenvolvimento. Florianópolis: APED Editora.

MOTTA, Ronaldo Serôa.  As técnicas das análises de custo-benefício na avaliação ambiental. In: TAUK, Sâmia Maria (org.). Análise Ambiental: uma visão multidisciplinar.2ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1995.

Um abraço e até o próximo post!