Este trabalho é fruto de uma
constatação in loco, de pesquisas e de experiências vividas em
trabalhos de consultoria e planejamento. Iniciamos nossa caminhada no
turismo quando, em 1983 o então Prefeito do município de
Lages - SC, o médico Dr. Paulo Alberto Duarte, assumia seu mandato,
eleito para um período de 6 anos.
A entrada de Duarte para a política
tinha como objetivo mudar todo um contexto econômico difícil que o
município vivenciava. Idealista por vocação, Duarte formou seu
Secretariado com as mais diferentes cabeças.
Pessoas que tinham, antes de tudo,
vivenciado uma boa experiência profissional. Entre tantos
privilegiados, eu fui um deles, privilegiado porque nosso então
líder é uma pessoa extremamente entusiasta e adepta a grandes
desafios.
A vivência profissional, que na época
eu detinha como Analista de Projetos na Secretaria da Fazenda do
Estado de SC, num excepcional programa de Desenvolvimento Industrial
(PROCAPE), proporcionara-me certa facilidade na identificação das
potencialidades que o município detinha. Entre tantas outras
potencialidades existentes, identificamos algumas, que tiveram como
consequência o primeiro produto turístico do município, o "TURISMO
RURAL".
Lages é detentora de posição geográfica privilegiada, localizada às margens do entroncamento das BR's 116 e 282, recebendo diariamente em suas portas um expressivo fluxo rodoviário.
Lages é detentora de posição geográfica privilegiada, localizada às margens do entroncamento das BR's 116 e 282, recebendo diariamente em suas portas um expressivo fluxo rodoviário.
Deste, um grande percentual é o
denominado turismo rodoviário (ônibus), mas que usavam o município
apenas como ponto de parada para um café, uma refeição e,
eventualmente, um pernoite; uma vez que, originários de Curitiba
(PR) tinham como destino às serras gaúchas, Gramado e Canela, e
Lages está equidistante a estes dois pontos.
Tínhamos o que todos buscavam o fluxo
turístico, mas não tínhamos o produto turístico a ser ofertado.
Foi então que, em 1984, foi criada a Comissão Municipal de Turismo,
formada por segmentos representativos da comunidade (Sindicato dos
Hotéis, CDL, clubes de serviços, etc.) e que tinha como objetivo
aproveitar o potencial existente para alavancar a economia do
município.
Após diversas reuniões do grupo sem
uma solução clara de como devíamos proceder para a viabilização
de nossos anseios, propusemos a realização de uma pesquisa junto
aos turistas que por lá passavam, objetivando identificar quais as
razões que os motivavam a viajar por esta região.
Para a surpresa do grupo, que
achávamos não ter grande potencial turístico, descobrimos que
cerca de 85% das razões que os entrevistados citavam como forças
que os motivavam a visitar aquela região, estavam presentes em nossa
cidade. Entre outras, foram citadas a hospitalidade, o clima frio, a
gastronomia diversificada, a paisagem a diversificação cultural, a
segurança, o ar puro, etc. Mas como transformar estes insumos em
produto turístico?
Novamente a discussão na comissão, e
agora extremamente eufóricos com o resultado da pesquisa, mas
angustiados por não encontrarmos uma fórmula para viabilizarmos
nosso produto.
Certo final de semana, convidado para
um almoço numa propriedade rural tive um estalo: aqui está nosso
produto turístico, pois via naquele instante, todos os itens da
pesquisa associados naquele ambiente.
ntusiasmado com a solução,
reunimos o grupo, e apresentei a proposta do turismo rural (na época
"um dia no campo"). Alguns mais entusiastas aderiram a
ideia, outros acharam a ideia ridícula, com colocações pejorativas
do tipo "Alemão, você pirou. Então você acha que paulista
vai sair da cidade grande para pisar em bosta de boi" - (riso
geral). Confesso que por um momento balancei, mas as pesquisas me
auxiliaram e com elas formulei minha proposta.
Gente a favor, gente contra e gente
"em cima do muro". Qual a saída? Foi então que sugeri uma
experiência com um grupo para tirarmos as dúvidas, com o que todos
prontamente concordaram.
Vem então o segundo grande drama:
achar o fazendeiro "maluco" que acreditasse na nossa
proposta, mas felizmente da comissão fazia parte o então vereador
Julio Cezar Ramos, proprietário da Fazenda Pedras Brancas, que se
propôs a fazer o teste.
Contatamos uma empresa que operava
seus pacotes turísticos na região e propusemos oferecer sem custos,
um almoço na fazenda, para então pesquisarmos suas impressões.
Com a data da visita programada, reunimo-nos (Julio Cezar e Sonia da fazenda Pedras Brancas, Vilson Urbano, do MAP Hotel, Adonis e Lilian) para formulação da programação de atividades de lazer (ordenha, passeios a cavalo e show folclórico gaúcho) e um cardápio típico da serra catarinense.
São Pedro foi nosso parceiro e nos brindou com um dia de outono com um fantástico céu azul, e sob um frondoso carvalho, embalados pelos acordes da sanfona e do violão, os turistas desfrutaram de um excepcional almoço.
Não deu outra, nas pesquisas realizadas, 96% dos participantes indicaram esta como a melhor programação do pacote. A partir daí, tínhamos descoberto nosso "ovo de Colombo" o produto turístico, TURISMO RURAL.
São Pedro foi nosso parceiro e nos brindou com um dia de outono com um fantástico céu azul, e sob um frondoso carvalho, embalados pelos acordes da sanfona e do violão, os turistas desfrutaram de um excepcional almoço.
Não deu outra, nas pesquisas realizadas, 96% dos participantes indicaram esta como a melhor programação do pacote. A partir daí, tínhamos descoberto nosso "ovo de Colombo" o produto turístico, TURISMO RURAL.
Após 16 anos da implantação da
primeira propriedade de turismo rural no município de Lages, hoje
denominada de "Capital Nacional do Turismo Rural" - modelo
recomendado pela EMBRATUR, estamos convencidos da viabilidade e da
metodologia de nossa proposta.
Resultou-se também em um livro, que
está organizado em 11 capítulos. Na introdução apresenta-se um
panorama geral sobre o esforço que se está realizando para que o
turismo neste país seja realmente uma grande atividade econômica.
Os dois primeiros capítulos enfocam a importância do turismo para o
município e de que forma você pode criar seu produto turístico. As
demais partes descrevem todas as particularidades que estes dezessete
anos de vivência no turismo rural nos mostrou.
As informações contidas neste
documento são baseadas nos resultados do projeto pioneiro de turismo
Rural no Brasil, implantando no Município de Lages-SC, viagens ao
Mercosul, Europa e experiências nos projetos que implantamos por
todo país desde 1986.
Vale
ressaltar que as atividades de turismo rural em outros países,
notadamente na Espanha, Portugal e França, não podem ser comparadas
ao que o Brasil tem para oferecer. Quer pela geomorfologia, cultura
ou conceito de rural.
Os múltiplos insumos e fatores que
compõe os diferentes cenários rurais do país o tornam ímpar e
versátil. É esta vivência que colocaremos nas páginas e capítulos
que se seguem sobre o assunto e que, nem de longe se esgotará.
Descobrimos a cada nova propriedade rural novos componentes para a
criação do produto turístico, criando-se inclusive uma serie de
tipologias derivadas do turismo rural.
A diversidade cultural do anfitrião,
a dinâmica da produção rural no país e a riqueza dos recursos
naturais que integram o espaço rural brasileiro é que fazem do
turismo rural no Brasil um modelo próprio.
Assim, podemos dizer que,
"O turismo rural no Brasil é como um mosaico, cuja expressão
cênica está diretamente ligada aos insumos e recursos disponíveis,
a sensibilidade e a criatividade de quem o implementa".
*Adonis
Zimmermann, disponível em Disponível em
Um
abraço e até o próximo post!
TURISMO NO ESPAÇO RURAL – ESTUDO DE CASO LAGES / SC
Reviewed by Luiz Macedo
on
agosto 08, 2012
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